(Foto: autoria desconhecida)
Andei pensando bastante na filosofia pagodiana – é bonita, confortável e... ingênua. Euzinha, antes da
música de Serginho Meriti e Eri do Cais, cantada por Zeca Pagodinho, estourar
nas paradas populares, a adotava. É o velho “deixa rolar” – oportuníssimo, por
exemplo, ao tentarmos controlar algo irrefreável, externo à nossa vontade. Mas,
no que depende exclusivamente de cada um, o lance muda de figura. O viver, também
chamado destino, pode e deve ser alterado até acertarmos o ponto – como numa
receita culinária.
Você viajaria de avião, ônibus ou carro se soubesse que o
piloto ou chofer não dominam a técnica de pilotar/dirigir? Já pensou nisto: a existência
nos conduzindo como motorista cega? Muitas vezes, intuímos que haverá um
desastre logo ali; porém, é bem mais cômodo ficarmos paradinhos, sem refletir, permitindo
que as coisas simplesmente aconteçam – assim, culparemos o marido, a esposa, o
pai, a mãe, os filhos, a vizinha, o governo... O rol de alvos nessa hora é
infinito. Sempre haverá, pelo menos, uma vítima: você.
A dimensão se amplia quando sabemos da própria responsabilidade
e papel que temos no mundo. Conseguimos resolver se vamos atuar como atores
principais ou meros figurantes. Há anos optei por traçar meus passos antes de
gastar a energia em realizá-los. Confesso: não tem sido fácil – estamos, frequentemente,
conectados a outras pessoas e, dessa forma, precisamos estar preparados para ajustar
os planos. Para tanto, é fundamental habilidade e competência. A experiência de
vida poderá oportunizar maior êxito no empreendimento.
Todo planejamento estratégico requer determinar etapas: ações,
objetivos, prazos, responsáveis, tarefas, estratégias, meios... Contudo, antes
dessa serviçama há um estágio essencial exigindo toneladas de sinceridade da
gente: definição de prioridades. Não adianta querer comprar o badalado carro do
mercado se você não tem recursos nem para pagar as contas do mês. Inclusive, o dinheiro
teria de financiar depois diversos itens: manutenção, taxas, melhorias. Embora
mediano, sem uma programação detalhada, tal desejo permaneceria na categoria de
sonho.
Uma dica importante é entender que sonho não é meta. Sonho é
divagar, criar fantasias, devaneios, cenários. Nele, compra-se, faz-se,
viaja-se. Naquela é diferente. É necessário ousadia, temperança, disciplina,
planejamento, decisão, foco, discernimento. Para transformar um sonho em meta é
preciso pensar sobre ele, analisá-lo, depurá-lo. Só então surgirá a meta. Como
as prioridades variam, deveremos nos atentar ao fio condutor que guiará a diligência.
Depois de checadas as prioridades e elencadas as metas e
demais itens do projeto, é hora de arregaçar as mangas. Arrá! Aqui é que a porca torce o rabo. Metade dos animadinhos de
início de ano, aí pelo dia 12 do mês um, já se esqueceram de tudo: caem na
real, entendem que não têm vontade suficiente para se manterem firmes no
propósito e abandonam o próprio barco. Dá-lhe incentivo nessa hora para
compensar a frustração – desculpas não faltam para justificar a todo custo a acovardada
atitude.
Trabalhar em uma atividade que nos levará a um resultado com
mudança significativa no cotidiano é suar a camisa, incansavelmente. De forma diferente
de um plano empresarial em que as ações têm um encarregado por setor, no
pessoal, somos o único responsável desde a coordenação até a execução das
tarefas propiciadoras da efetivação da meta. É claro que em algum momento
contaremos com o valoroso auxílio de quem está ao redor. Mas se não puderem colaborar,
não desista! Afinal, o intento é seu.
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