(Foto: autoria desconhecida)
Da primeira vez que o vi, ele era só um cachorro. Assim, de
longe, não consegui divisar ao certo se se tratava de um cachorro, cachorro, ou
de um ser mais que especial escondido na pele de um Canis lupus familiaris. Só sei que me encantei ao primeiro
aproximar nosso. Foi lindo e eterno enquanto durou. Surpreendentemente, depois
se repetiu. E como o ser humano necessita nominar tudo, vou chamá-lo de Guri.
Quando cheguei até ele, estava sentado nas patas traseiras e,
com um sorrisão, disse: “Oi, eu tô aqui”. Comunicação posta, dei prosseguimento
ao diálogo. Monólogo não combinaria com a ocasião. Então, minha vez: “Oi, você
é muito lindo”! Como resposta, deu-me a patinha esquerda depois de tentar uma,
duas vezes, até acertar na minha mão. Rolou uma troca de energia indispensável
para quem acaba de se conhecer.
Enfim, um encontro de almas no hall da faculdade em que sou professora. Acredita que se colocou
ali e não queria mais sair? Não tínhamos, eu e os demais, um pedaço de bife
sobrado do almoço nem um pouco de leite – foi o que me ocorreu, sempre tive
gatos que apreciavam o branquinho –, muito menos um punhado de ração. Pensando
bem, vou levar nas minhas viagens ração para cães e gatos no carro. Nunca se
sabe...
E toda vez que tentávamos dissuadi-lo de ficar ali, Guri entendia
que era brincadeira, e queria pular, mordiscar nossas mãos – mas não havia
violência nele, apesar de que, sendo morador de rua, já deve ter sofrido poucas
e boas. Não parecia esfomeado, nem era magro, nem com aparente doença de pele.
A cor mel do pelo combina tanto com o olhar de desentendido que está sacando
tudo. E foi ficando, até quando tive que...
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