(Foto: Adriane Lorenzon, Cactus, 2009)
É cada vez mais comum encontrar pessoas com a mente doente. Observe! Refiro-me, especificamente, a distúrbios conhecidos como moléstia ou síndrome de pessoas irritadiças. Os sintomas evidenciam exasperação por qualquer coisa. Criaturas afirmam ser um amor de pessoa – entretanto, ai de quem pisar no calo delas. Outras afirmam saber perdoar; agora, esquecer, ah, isso não!Conhece alguém assim? Certamente, você dirá. São inúmeros os casos de colegas, amigos, parentes sem resistência à menor contrariedade. O círculo dessa gangue se amplia pois a cada dia multiplicam-se as pressões nocivas pela competitividade no mundo do trabalho. Deixa-se, portanto, de se aplicar a mesma medida nos incentivos à reflexão e à transformação íntima.
Também é de se considerar no estímulo ao nervosismo, o desleixo do cidadão comum levar a vida sem descobrir quais itens “não quer” para si mesmo. Objetivo e meta são insuficientes. É preciso vento, vela e uma porção de sopro interior. Por conseguinte, um aspecto importante decorre do “autodesconhecimento”: muita gente não sabe dizer NÃO à causa dos malefícios. Aliás, nem a percebe. As contaminações cercam o indivíduo e algo o impede de observá-las, extingui-las, amenizá-las.
Afinal, que impurezas são essas? A fumaça do cigarro do outro, a mesma música tocada dez vezes por dia na emissora de rádio, a poluição visual de propagandas, a ressaca de álcool no dia seguinte, o trânsito caótico da grande cidade, a sobremesa “mais ou menos” do almoço, o cheiro do esgoto, o ônibus lotado, o barulho da britadeira. A lista virou um pergaminho? Pois aproveite para fazer o check list: isso quero, isso não quero. Tem sempre um item sobrando? Vire-se! Faça alguma coisa por você!
Há ainda ocorrências de infecção crônica. No entanto, a cura só ocorre com um toque de ousadia: trocar de canal ou desligar a tevê na hora de um programa que promova o desrespeito às diferenças; transferir-se de uma cidade com altos índices de violência e poluição para uma opção saudável, mesmo com salário reduzido; mudar a alimentação observando os critérios básicos dos nutricionistas: consumir frutas, legumes, verduras, cereais integrais. Não é só querer. É atitude.
Todavia, se o caso de irritação vem da relutância de virar a mesa e buscar algo diferente... vá em frente. Nada fará alterar o status quo a não ser a sua pegada no mundo. Talvez haja surpresas, mas, a depender da postura individual, a música de Zé Rodrix e Tavito poderá transformar-se no fundo musical de um novo momento: “Eu quero uma casa no campo onde eu possa ficar no tamanho da paz”. E a paz interior é inestimável – na roça ou na cidade. De lambuja, além da trilha sonora, o filme da sua vida poderá render boas tomadas em locações exuberantes e ao menos uma indicação ao prêmio de melhor protagonista.
Pense. Se o vivente não enxerga o elemento gerador dos males, vai ficando irritado e de mau humor sem discernir as reais motivações do mal-estar. E aí sai distribuindo cara feia, reclamação, sentimentos negativos. Indispensável é a vigilância para evitar adoecer e passar a tratar indelicadamente quem o rodeia. Crie espaço para bate-papos consigo mesmo. Busque ouvir-se mais e prestar atenção àquilo que o incomoda. Você pode estar descobrindo o elemento causador de futuras exacerbações e impaciências.