Médico Patch Adams inspirou o filme de mesmo nome
(Foto: autoria desconhecida)
Usamos serviço médico para quê? Ligeiramente a óbvia resposta
aparece: para que nos ajude a sobreviver à dor, à doença, aos mal-estares.
Então, os médicos seriam indivíduos preparados para grandes desafios: auxiliar
pessoas diversas na empreitada da vida com saúde. E se entendemos saúde como
algo que envolve o corpo, a mente e o espírito, então praticar a medicina e
áreas afins deveria ser, no mínimo, tarefa realizada com afeto e competência.
Durante exames preventivos anuais, atribuí à mesma empresa,
do pré ao pós-exame, nota de zero a 10. Os atendentes do cadastro e
encaminhamento fizeram o básico, sem surpresas agradáveis ou desagradáveis. Nota
mediana para a recepção e bem mais baixa ao setor de entrega de resultados. Porém,
ao adentrar o recinto, o valor subiu. A médica que me atenderia deu-me de
presente um pacote de educação, embalado com papel de amor.
O nome dela é inesquecível, pois Érico Veríssimo se
encarregou de povoar nossa mente com a epopeia de uma de suas personagens. “Oi,
boa tarde. Meu nome é Bibiana, eu sou a médica responsável pela sua ecografia
mamária”. Ao dizer isso, aproximou-se com um respeito e, ao mesmo tempo, um
cuidado ímpares. Colocou a mão sobre mim, sem afetações de intimidade, porém com
a sinceridade necessária, olhando-me nos olhos.
Em uma etapa do tratamento de câncer de minha mãe, almejando
trocar de médico e hospital, não conhecíamos nem tínhamos indicação de um
oncologista. Na primeira consulta com o possível novo profissional, logo
entendemos que se tratava de alguém com noção da responsabilidade que ocupava.
Fábio Franke nos recebeu de camiseta, tênis e calça jeans, sem jaleco. Cumprimentou-nos saindo de trás da mesa. Na
despedida, abraçou minha mãe: detalhe que se tornou uma espécie instantânea de
código que significava: é este.
O amigo fonoaudiólogo Gleison Martins, encaminhou-me, em
2003, a uma otorrinolaringologista. Isabelle Kalawatis é dessas médicas que
parecem anjos. Ao tentar encontrar o motivo por eu estar com uma rouquidão
constante, quis conhecer minha rotina. Depois de me ouvir, como uma psicóloga
da alma, questionou-me, delicadamente, se eu não poderia pensar em reprogramar
meu dia a dia, para que não prejudicasse a mim mesma. Eu andava trabalhando
demais.
É claro que já tive experiências, e muitas, que me fizeram
nunca mais voltar ao consultório. Houve uma dermatologista que para identificar
o que seria o motivo de coceiras na pele desta paciente, quando me tocava era
como se tivesse nojo. Detalhe: a incógnita era exatamente porque não havia
sinal externo. Em outros casos, médicos responderam de modo estúpido, ficaram
de cabeça baixa ou mirando a tela do computador ao mesmo tempo em que falavam
comigo. Por isso me surpreendo ao ser bem tratada. A regra virou exceção.
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