(Foto: autoria desconhecida)
Esqueça o que você acha que é o amor, ou o que lhe disseram
sobre. Atrás da petulância, mostro-me sem tanta competência para afirmar o que
ele é. A propósito, figuras nobilíssimas receitam, há milênios, o modo de usá-lo.
Aprendi com elas: amar é sentir e vivenciar o amor universal, sem condições e intolerâncias. Caso contrário, o que se espalha
por aí é qualquer outra coisa: apego, obsessão, carência, atração física, confusão;
tudo, menos amor.
Danilo Caymmi e Dudu Falcão criaram uma das letras mais
poéticas de nosso cancioneiro: “O que é o amor, onde vai dar, parece não ter
fim, uma canção cheirando a mar, que bate forte em mim”. O alagoano Djavan é
certeiro: “O amor é como um raio galopando em desafio”. Inúmeros poetas tentaram
decifrar o enigma do sentimento que está no topo da lista das virtudes humanas.
Camões foi categórico: “É um andar solitário entre a gente”.
Alberto Caeiro, heterônimo do poeta português Fernando
Pessoa, falava de como o amor nos transforma, pois enxergamos as mesmas coisas
com um olhar diverso: “Vejo melhor os rios”. Diferente do compatriota, relata em Pastor amoroso: “O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos, porque já não posso andar só”. O poeta conclui:
“Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava”. Com o amor, tudo muda,
sugere Caeiro.
Se a poesia nos salva, como bem alertou um poeta, o amor
liberta: uma ideia transcendental. Ao compreender isso, nossa mente é impedida
de voltar ao tamanho anterior. É aí que permitimos que o amor exista e nos
invada e nos impulsione para patamares nunca dantes alcançados. O amor está
ali, tão perto, mas carece de nossa decisão para nos juntarmos a ele, como a
gota que, ao se unir ao todo, muda de nome e passa a se chamar oceano.
Para mim, o maior exemplo de amor é Jesus Cristo – e outros seguidores
de seu modelo de mansuetude, compreensão, fraternidade, como Francisco de
Assis. Aquele, O cara, com todo o respeito, dizia que o amor é a caridade e que
fora dela, cadê salvação? Amigo leitor, o que é a caridade senão o amor
incondicional? Ela faz nossa vida ser menos amarga. Amor, segundo JC, é
abnegação, devotamento, compaixão. Saca?
Francisco de Assis, praticante do desapego aos bens
materiais, é referência para o mundo quando se fala de amor. Na Oração de São
Francisco, uma inspiração: para amar de verdade é preciso coragem. “Onde houver
ódio que eu leve o amor; na ofensa, o perdão; na discórdia, a união; no
desespero, a esperança. (...) Que eu procure mais compreender que ser compreendido,
amar que ser amado, perdoar que ser perdoado.”
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