sexta-feira, 6 de julho de 2012

O que é o amor?


(Foto: autoria desconhecida)

Esqueça o que você acha que é o amor, ou o que lhe disseram sobre. Atrás da petulância, mostro-me sem tanta competência para afirmar o que ele é. A propósito, figuras nobilíssimas receitam, há milênios, o modo de usá-lo. Aprendi com elas: amar é sentir e vivenciar o amor universal, sem condições e intolerâncias. Caso contrário, o que se espalha por aí é qualquer outra coisa: apego, obsessão, carência, atração física, confusão; tudo, menos amor.

Danilo Caymmi e Dudu Falcão criaram uma das letras mais poéticas de nosso cancioneiro: “O que é o amor, onde vai dar, parece não ter fim, uma canção cheirando a mar, que bate forte em mim”. O alagoano Djavan é certeiro: “O amor é como um raio galopando em desafio”. Inúmeros poetas tentaram decifrar o enigma do sentimento que está no topo da lista das virtudes humanas. Camões foi categórico: “É um andar solitário entre a gente”.

Alberto Caeiro, heterônimo do poeta português Fernando Pessoa, falava de como o amor nos transforma, pois enxergamos as mesmas coisas com um olhar diverso: “Vejo melhor os rios”.  Diferente do compatriota, relata em Pastor amoroso: “O amor é uma companhia. Já não sei andar só pelos caminhos, porque já não posso andar só”. O poeta conclui: “Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava”. Com o amor, tudo muda, sugere Caeiro.

Se a poesia nos salva, como bem alertou um poeta, o amor liberta: uma ideia transcendental. Ao compreender isso, nossa mente é impedida de voltar ao tamanho anterior. É aí que permitimos que o amor exista e nos invada e nos impulsione para patamares nunca dantes alcançados. O amor está ali, tão perto, mas carece de nossa decisão para nos juntarmos a ele, como a gota que, ao se unir ao todo, muda de nome e passa a se chamar oceano.

Para mim, o maior exemplo de amor é Jesus Cristo – e outros seguidores de seu modelo de mansuetude, compreensão, fraternidade, como Francisco de Assis. Aquele, O cara, com todo o respeito, dizia que o amor é a caridade e que fora dela, cadê salvação? Amigo leitor, o que é a caridade senão o amor incondicional? Ela faz nossa vida ser menos amarga. Amor, segundo JC, é abnegação, devotamento, compaixão. Saca?

Francisco de Assis, praticante do desapego aos bens materiais, é referência para o mundo quando se fala de amor. Na Oração de São Francisco, uma inspiração: para amar de verdade é preciso coragem. “Onde houver ódio que eu leve o amor; na ofensa, o perdão; na discórdia, a união; no desespero, a esperança. (...) Que eu procure mais compreender que ser compreendido, amar que ser amado, perdoar que ser perdoado.”

Paulo de Tarso, Gandhi, Buda, Sócrates, Irmã Dulce, Chico Xavier, todos, de alguma maneira, nos soprando ao ouvido: em vez de julgar, coloque-se no lugar do outro; faça ao próximo o que gostaria que lhe fosse feito; mantenha o ânimo apesar das adversidades; afaste-se para debaixo de uma árvore para revisar o que precisa melhorar em sua vida. Camões, na voz de Renato Russo, entoa: “É só o amor que conhece o que é a verdade”. (Adriane Lorenzon)

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