(Arte: R. Therien)
Na fila da lotérica de Palmitinho (RS), à minha frente, um
cara com papo e jeito de educador físico brincava com uma dose de ironia com um
rapazote magrelo: “Estamos lá na academia te esperando, quando decidir ir,
aproveitar o que já pagou, apareça, mas sem pressa, viu, tranquilo”. Achei uma
graça a broma. Essa bendita mania de adiarmos compromissos... Confesso que
detesto pendências – dá um servição organizá-las.
Conheço gente que está de pé porque tem coisas malresolvidas
em sua vida, é como se isso a deixasse animada o suficiente para viver. Iludidamente,
claro. Entretanto, quando o adiado não nos prejudica, tudo bem. O lance é que
pesa demais nos ombros postergar decisões sérias e o boleto vem, não tenha
dúvida. Como diz a jornalista Rosana Braga: “Só deixe para amanhã aquilo que, se feito ou
decidido hoje, puder ser ruim”. Resolver alivia o fardo. Acredite.
É possível que a mania de procrastinar faça parte da birra
de nossa imaturidade psicológica. Muitas vezes isso fica escondido debaixo do
tapete, no sótão da casa mental. Então, ao adiarmos novamente, nem nos damos
conta que estamos empilhando conflitos que vão se fixando em lugares como a dor
de cabeça, dos ombros ou pescoço, o cansaço que nunca cessa, a preguiça
constante, aquele mau humor... A pessoa fica adiando ser feliz. Tolinha!
Como não nos habituamos a realizar leituras de nossas ações,
vamos passeando até a véspera de entregar o dever da escola, preparar a reunião
de amanhã, estudar para o concurso. Ou aguardamos a última gota cair no balde.
Quando entornar, temos a desculpa da molhanceira e, então, vomitamos nosso desconforto
com a situação. Ou, ainda, estudamos em demasia e concluímos: a prova nem fora
tão difícil. Mas precisava passar por toda essa angústia?
Ainda criança, ao resmungar “depois eu faço” quando minha
mãe me ordenava alguma tarefa, ouvia: “O depois fica, minha filha”. E fica
mesmo. O postergar encontra mil motivos para adiar a finalização das
responsabilidades. Desabafando com a professora Ana Santiago sobre a “moleza”
de colegas que atrasavam a entrega de trabalhos, pois só estudavam, e eu com
tanto mais a realizar respeitava o prazo, escutei: “Quem mais faz, mais arruma
tempo”.
Imagine um locutor anunciando a música de Joana: “E agora,
tocando no seu rádio, Amanhã, talvez”. Perfeita para nossa pauta. Segundo pesquisas na área de psicologia, cerca de 80
por cento das pessoas adiam os compromissos com certa frequência. Se
confirmamos os dados? Observe o prazo final para entrega das declarações do
Imposto de Renda. Muita gente deixa para enviá-la nos últimos minutos. E isso
não é força de expressão.
Programinha no excel, né? Sei... Manda pra mim...
ResponderExcluirCorre pegar o telefone q já tô até ouvindo o lembrete...
Dzzzz, dzzzzzzz, dzzzzzzzz.... rsrsrsrsrs
Bjo
Dri