(Arte: autoria desconhecida)
Às vezes, me perguntam: “Como, afinal, melhorar o mundo a
partir de nosso estar no planetinha azul”? A resposta é simples. O complicado é
acoplar a receitinha ao modus vivendi
de cada um, pois quase ninguém quer agir nessa seara, tamanha a dor de cabeça
que é sair do quentinho da preguiça. Contudo, com apenas duas mãos, vou morrer
tentando aprimorar o mundo, nem que seja o meu interior. Daí o imperativo de um
querer profundo.
Nesse sentido, a primeira coisa é observar-se, descobrir-se,
criar um filme da sua vida até então, reconhecendo seu papel na família, no
trabalho, nos círculos sociais. Qual é a sua onda, saca? Esta é a fase do
autoconhecimento. Que leituras poderiam ajudá-lo nessa empreitada e o que o auxiliaria
a desenvolver um olhar abrangente, menos endurecido frente à existência? O que
você faria para aperfeiçoar o seu redor, a começar pelos recôncavos de si mesmo?
Ao me dar conta da necessidade de minha própria modificação,
uma das providências foi reduzir os palavrões e usar vocabulário sem tanta
grosseria. E isso acontece no dia a dia, não tem essa de inventar retiro espiritual
para conseguir. Trata-se de uma decisão politicamente correta que não chateia, porém
eleva a aura a sua volta. Por conseguinte, aos poucos, além das palavras, vão-se
os pensamentos arcaicos desse homem velho que vive em mim.
Fácil perceber que a gente fica com uma vontade
incontrolável de ocupar-se com temas nobres. É a mudança de atitude. Como, por
exemplo, elogiar as pessoas, evitar apelidos constrangedores e gozações, passar
a agradecer por tudo – até quando ajudamos, percebemos que fomos assistidos –, o
desejo de impor nossa opinião diminui muito, já não fazemos questão de termos
razão, e ainda que sofregamente, seguimos rumo a um viver pleno.
E o respeito? Ô palavrinha bonita. Não custa nada e ao mesmo
tempo é artigo de luxo. Não julgar, deixar a hipocrisia de lado, optar pela
gentileza (para virar hábito), reconhecer as potencialidades do outro, ser
indulgente porque o amanhã nos mostrará o revés... Sem falar que as diferenças
existem – chega de achar que a vastidão é só aquilo que nossa janela aponta. Há
nuanças que nem desconfiamos existir, até o dia que nos atrevemos mirar além...
A quinta fórmula para desembolar o emaranhado que trançamos
o mundo é o óbvio. Não se lembra, caro leitor? Trata-se da chave dourada para
todas as fechaduras enferrujadas. Para ele os caminhos se abrem. O amor. O amor
se traveste de várias maneiras: um abraço, um sorriso, uma conversa demorada
com o desconhecido carente de atenção, um cliente que você atende como se a
presença dele, ali, fosse alterar substancialmente a sua vida. Experimente!
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