Quando juntos, Estado e religião fazem muito estrago (Arte: autoria desconhecida)
Um assunto tomou conta das rodas
de amigos, das salas de aula, do governo federal, de programas nos meios de
comunicação: o Estado laico. Por conseguinte, justiça, educação, legislativo idem.
Mas o que é laico? Trata-se de algo fora do âmbito religioso, ou seja, o Estado
mantém-se neutro quanto a questões religiosas. Assim, por exemplo, educação
laica é aquela que não defende uma religião apenas, mas todas e, ao mesmo
tempo, nenhuma. A escola de seu filho promoveria uma educação sem dogmas e
verdades absolutas.
Quando um grupo se incomoda
com a expressão Deus Seja Louvado do
papel-moeda brasileiro, essa classe defende um Estado laico. Para tanto, este
não deveria se envolver com tais ideologias, já que, sendo uma espécie de
grande pai, precisa respeitar todas as ideias de seus filhos, inclusive dos agnósticos
e ateus. Diga-se de passagem, uma ponderação coerente e lógica, já que somos plurais.
A propósito, Religião e Estado juntos? Revisite os livros de história...
Nesse contexto, as cruzes
representativas do catolicismo instaladas nas salas em que a justiça e o
direito transitam, estão fora de lugar. Torna-se também incongruente a
obrigação de entoar musiquinhas e orações imposta às crianças em escolas
públicas pela bandeira única do cristianismo erguida por professores
desinformados – mesmo que a doutrina não represente a fé que os pais professam
(a criança ainda vai demorar um pouco para fazer escolhas).
Recentemente, o Ministério
Público Federal de São Paulo solicitou a exclusão da referida frase de nosso
dinheiro. A Sétima Vara da Justiça negou o pedido com base na informação do
Banco Central de que a simples retirada das três palavras custaria a bagatela
de 12 milhões de reais aos cofres públicos. Além disso, a decisão judicial
concluiu que “não se aferiu a existência de oposição aos dizeres inscritos nas
cédulas no âmbito do seio social”.
Quanto aos gastos, é certo que os evitemos considerando que temos
a educação e a saúde como prioridade de investimento. Para o procurador que requereu
a ação, Jefferson Dias, basta que as notas sejam substituídas gradativamente. O
parecer evidencia que “a alegação de afronta à liberdade religiosa não veio
acompanhada de dados concretos, colhidos junto à sociedade, que denotassem um
incômodo com a expressão ‘Deus’ no papel-moeda”.
Se a questão é essa, faz-se um
projeto de consulta popular para saber a opinião dos brasileiros. Sem gastos,
tudo bem. Com gastos, soy contra (corredores de hospitais clamam
atenção!). Entretanto, o IBGE é suficientemente habilitado, competente e
transparente para garantir lisura no levantamento estatístico – o que reduziria
custos. Porém, pense um pouco. O Brasil, país de maioria crente, ou seja, que
crê em Deus, responderia o quê?
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