(Arte: autoria desconhecida)
Um sorriso abre mil portas. Certamente, caro leitor, você já
ouviu essa máxima em algum lugar. Até o mais carrancudo dos mortais se rende,
nem que seja com o tempo, com o poder da expressão maior de simpatia. Observe.
Um sorriso sincero é o sim, a cara fechada é o não. E a humanidade, é claro,
precisa de “mais sim do que não”, como canta Lulu Santos em Tempos modernos. O sim faz fluir a vida,
o não empaca o viver. O sim é vitória, o não é derrota.
Brincar
de viver, de Guilherme Arantes e Jon Lucien, também aponta o
imperativo do sim: “Você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim, continua sempre
que você responde sim à sua imaginação, à arte de sorrir, cada vez que o mundo
diz não”. O sim abre caminhos. “Dizer sim é provocativo. A partir dele, muitas
coisas acontecem. Dizer não é impeditivo. A partir dele, muitas coisas são
obstruídas”, explica a amiga Adriana Studart.
Nesse sentido, por que será que o não faz tanto sucesso?
Arrá! Provavelmente porque ouvimos o não todos os dias desde pequeninos: “Não
mexe, não coma isso, tira a mão da boca, você vai cair, não coloque a mão aí porque
dá choque, você vai se queimar”. São inúmeros os incentivos ao não que
aprendemos e levamos para nossas vidas. Embora vários nãos evitem acidentes e sejam
sinônimo do cuidado de nossos pais e responsáveis.
Pensando bem, que estímulos as crianças recebem com um viés
mais amplo, do tipo: “veja o sol nascer, agradeça o alimento, vá em frente,
planeje como você quer ser, leia
bastante, assista a bons filmes, ouça músicas plurais”? O não, ouvido e motivado
desde nossa infância, é o caminho mais fácil e certeiro na fase adulta. Então,
novos reprodutores do não serão gerados. “Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo
do não”, escreveu Drummond.
Muitos passam a vida inteira dizendo sim e, mais tarde,
precisam pagar terapia para aprender a dizer não, quando necessário, aos
outros. Ou para dizer sim a si mesmo. São os que não se impõem, como se não
tivessem uma digital. Contudo, há um porquê escondido nisso. Dizer apenas sim
aos outros e negar o próprio sim é extremamente prejudicial à saúde do corpo,
da psique e do espírito. Provavelmente, carecerão reorganizar as funduras do seu
eu.
Existem ainda os que se
preservam dizendo não, concluindo que estarão a salvo dos perigos de se
comprometer com o interlocutor. Tem gente que fala não com o silêncio e acaba
se excluindo da vida de quem está ao redor. Em outro sentido, a palavra mais
constante de minha mãe era sim e isso lhe fazia um bem danado, contagiando
todos ao redor – parceira perfeita para uma caminhada, andar de bicicleta, comer
uma pizza, conversar, e até para coletar mel...
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