Foto: autoria desconhecida
Apesar de eu fugir de
polêmicas, a torto e direito, pois elas não levam a nada, a existência me
permite reflexões incômodas de ideias incomuns, chocantes à maioria dos que convivo.
Uma delas é entender que algo que começa mal terminará, em quase todos os
casos, mal. Se começamos falidos, qual a probabilidade de lucros? E isso ocorre
nos diversos objetivos de quem solta as rédeas e se deixa conduzir por qualquer
um. Salvo matéria restrita, é claro.
A controvérsia surge porque
sempre tem aquele que diz: “Nada a ver”! E eu respondo, ou penso: “Nas
exceções, nada a ver. Mas na prática, na regra das circunstâncias da vida,
observe melhor usando o autoconhecimento”. Ao aguçar o pensamento, deparei-me
com uma conclusão provisória que se tornou genérica: “A empresa que começa mal,
vai falir logo ali, ou vai penar muito”. Nos relacionamentos, projetos,
viagens, cursos e empreitadas, idem.
Para um voo começar bem, a
aeronave exige decolar com toda a energia necessária, com as turbinas, motor e
demais engrenagens funcionando a todo o vapor – ou seja, o avião deve estar bem
mecanicamente. Também não adianta garantir a força inicial se o piloto não é competente,
experiente e tomador de decisões precisas, se o combustível não é suficiente
para todo o trajeto... Uma junção de fatores faz com que um voo seja considerado
um sucesso.
Um estudante de medicina que
faça o curso com desempenho meia-boca será um profissional medíocre... até o
dia em que resolva alterar o nível em que se encontra aperfeiçoando o déficit e
as limitações – na qualidade técnica do atendimento, na humanização do trato
com colegas e pacientes... Senão, o que temos visto e recebido em consultórios
e hospitais? O desvio do padrão é o que nos encanta e dá a certeza do êxito na
carreira desse profissional.
Pesquisa informal de uma amiga
da escritora Martha Medeiros com mulheres estadunidenses aponta que o tempo
necessário para uma mulher transar com um homem é de três meses. Dessa forma, o
casal poderia se encantar com as afinidades, conhecer as famílias, fazer exames
laboratoriais. No Brasil, o mesmo papo aconteceu. Mas o reloginho aqui correria
apenas 30 minutos. O suficiente para enganar-se que a solidão acabou e começar a
frustração?
Hoje tenho a amizade de quem
me detestou à primeira vista. Geralmente a recíproca da antipatia era
verdadeira. Até o dia em que paramos para conversar, se descobrir e se
encantar. Permitimos um momento só nosso para o reconhecimento um do outro. E
foi mágico. A amizade só desabrochou porque escolhemos começá-la com diálogo,
autorizando o estar do outro à nossa frente. Poderíamos ter optado por não nos
ouvirmos e ela não teria surgido.
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