(Foto: autoria desconhecida)
Quando me acusam de ser exigente com os possíveis
pretendentes, vou logo perguntando o que se entende por exigência. Sem fôlego,
mudo ou enrolando, o interlocutor divaga em pensamentos. Geralmente, o
argumento descamba para hipóteses como estas: eu assusto os homens ou cobro
perfeição deles. E fica nisso. Então, dou-lhe uma aulinha sobre qual é (e não
quais são) meu requisito primordial para um namorado: ser gentil. E isso,
aparentemente, é muito simples e fácil. Nem tanto? Vejamos.
Um homem de fino trato aproveita cada dia para praticar a
amorosidade com o outro, seja quem for. No ônibus, oferece o colo para carregar
o pacote pesado de alguém em pé. No supermercado, deixa passar à sua frente o
rapaz ou a senhora, imediatamente atrás de si, porque tem apenas uma caixinha
de leite e o cavalheiro “só” um carrinho cheio. Se, sem querer, ocupou a vaga
de alguém que já indicava com a seta para usá-la num estacionamento, admite que
a vez é do veículo vizinho e a cede humildemente. Viu só?
Esse cara se reconhece de longe, pois age assim com qualquer
pessoa em todos os lugares e situações. Fique certa: se é carinhoso com familiares,
conhecidos e estranhos, também a tratará desse modo. Gentil, esse homem entende
de respeito na prática. Sem chance de estupidez, violência, grosseria,
indelicadeza. E se um dia portar-se meio desajeitado, você terá a certeza de
que foi um deslize do qual temos o direito de cair. O caráter dele estará a
salvo. Ufa!
Mulheres têm a “burra” mania de se apaixonar por homens cafajestes.
Percebeu? O cara dá toda a pinta do quão inábil é no quesito elegância: no
primeiro encontro a trata mal, atende ao telefone várias vezes no restaurante,
fala da “ex” como a criatura mais desprezível do mundo? Arrá! Sinal amarelo! Pode saber que ele fará o mesmo com você.
Vamos, reflita. Por que justamente com você seria diferente? Raríssimos homens mudam
tanto de uma namorada para outra, ainda mais se as trocam como se o fizessem
com roupas.
Um gentleman é um
homem de atitude. Não fica na verborragia. Se vê alguém precisando de ajuda,
arregaça as mangas e auxilia o vivente, deixa de olhar ao redor com ar de
espectador, está atento às necessidades alheias. Esse tipo de homem tem a
sensibilidade aflorada e, muitas vezes, pode ser qualificado de “afeminado” e
aqueles adjetivos propalados por quem pensa que a vida é apontar o dedo para o
outro. Esquece-se dos demais direcionados a si mesmo.
O baiano Gilberto Gil escreveu uma das músicas mais
profundas do nosso cancioneiro. Superhomem
– a canção nos arrepia quando pensamos que ser macho é muito mais do que tábua
de tanque no abdome. Diz o poeta: “Um dia vivi a ilusão de que ser homem
bastaria, que o mundo masculino tudo me daria, do que eu quisesse ter”. No site pessoal, Gil afirma: “Muita gente
confundia essa música como apologia ao homossexualismo [sic] e ela é o contrário”. Ao compô-la, interessava “revelar esse
embricamento entre homem e mulher, o feminino como complementação do masculino
e vice-versa, masculino e feminino como duas qualidades essenciais ao ser
humano”, completa.
Cortesia é muito mais que puxar a cadeira ou abrir a porta
do carro. Não está somente no envio de flores e presentes, mas na forma de tratar
o mundo de um jeito melhor de como se apresenta. O “mundo vasto mundo” de
Drummond fica mais bonito com homens amáveis, afinal, aprendemos que os homens
são brutamontes. Não precisa ser assim. Podemos ampliar o leque e criar sentimentos
e atitudes elevados. Saiba: para as mulheres, a delicadeza masculina é atributo
nobilíssimo.
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