sexta-feira, 25 de novembro de 2011

TDM – Tensão Durante o Mês


(Arte: TPMulheres.net)

Dismenorreia primária. Ô palavreado chique! Com 13 anos a meninada já sabe o significado. Comigo também foi assim. As cólicas menstruais surgiram fazendo o maior estrago e me mantendo às voltas com a catástrofe mensal. Antes de nascer, alguém deve ter me perguntado se eu queria viver com ou sem emoção. Eu devo ter dito: “Com muita emoção”. Perdi a conta de receitas caseiras, dicas, chás, orientações, livros, pílula sublingual, para tentar melhorar a situação “naqueles dias”. No final, cá entre nós, dá uma amenizadinha. Aliviar, de fato, o suplício, só depois de cinco dias – entretanto, no próximo ciclo...

Um rasgo sutil e crescente lá no fundo do abdome, a lombar reclamando como se estivesse ferida, panturrilhas doendo muito. Algumas mulheres chegam a desmaiar. Diz-se que a culpa é das prostaglandinas que promovem contrações uterinas fortíssimas. Tudo para anunciar o pesadelo. Em seguida, uma irritação inexplicável nos transforma numa espécie de monstrinho. Sem falar na dor de cabeça e no desconforto: sangue, absorventes, investimentos em remedinhos que duram até o organismo habituar-se ao princípio ativo. No total, 20 dias de sufoco e folga de 10 em cada um dos módicos 430 meses da vida reprodutiva feminina. Daí TDM e, não, TPM como definem os estudiosos.

A pior parte é ouvir do ginecologista: “Ah, isso é normal”. Argh! Ato contínuo, braços imaginários se enroscam no pescoço dele e apertam, apertam... Ainda bem que fico na vontade. Perguntei se é normal, cara pálida? Dê-me, por favor, um remédio para aplacar a aguda sensibilidade e me colocar na lista de pessoas civilizadas o mais rápido possível! Que eu não vomite de dor periodicamente ou pare na emergência para um Buscopan na veia! Não quero enlouquecer de exasperação por qualquer coisa, nem me tornar um animal irracional!

Nesse contexto, pessoas insistem em subestimar e minimizar os sintomas ligados à menstruação. Um dia conversava com uma nova amiga que afirmava com grande convicção: “TPM sequer existe, é bobagem, frescura.” Respirei fundo, mas imediatamente entendi. Ela nunca sentira algo parecido, portanto, não sabia do que se tratava. Alguns homens acham que a dor é psicológica, pura invenção nossa. Ambos confirmam minha tese: colocar-se no lugar do outro carece, além de amor, determinação e conhecimento para entender o processo.

Uma noite cheguei tarde a casa, peguei um pouco de chuva e o Internacional entrara em campo. A contração era insuportável e não havia remédio disponível. Estava sem força de procurar na lista telefônica uma farmácia que atendesse em domicílio. Com cólica, o ânimo se esvai junto no vaso. Peguei o ferro de passar roupas e o deslizei diversas vezes em uma toalha macia. Deitada, coloquei-a junto ao baixo ventre. A gata Penélope, vinda de fábrica equalizada em sintonia fina, ajeitou-se em meu travesseiro e começou a massagear minha cabeça. Adormeci e a dor sumiu. Os bichanos são definitivamente demais!

A salvação parecia estar a caminho. Soube de uma lei milagrosa. Poderíamos faltar ao trabalho, sem represálias e descontos, no dias de cólica. Comemorei, agradeci. Qual o quê! Era alarme falso, talvez um projeto de lei... Já as assassinas, muitas vezes, têm penas atenuadas se comprovarem o álibi da menstruação no dia fatídico. Afinal, são cerca de 160 sintomas e o descontrole acontece do nada. Tenho certeza, caro leitor: você conhece mulheres que estão um amor pela manhã e à noite o bico dobra a esquina. Para o seu bem, não ouse perguntar o que houve...

Amiga mulher, diz Mari Sandra. Nem tudo está perdido. Autoridade no assunto, o médico baiano Elsimar Coutinho, defende a tese de que não precisamos menstruar. Segundo ele, os avanços da medicina reduziram drasticamente a tortura mensal de pessoas como euzinha. São vários métodos, porém, o comum é tomar pílulas anticoncepcionais sem pausas. Durante alguns meses haverá escapes. E, se correr bem: “Libertas quae sera tamen”! Há um ano em tratamento, pelo visto, a TPM está deixando de ser a principal justificativa para meus impulsos mais baixos e ataques nervosos. Ufa! Por mim, sem problemas. Eu troco “de mano”, numa boa. (Adriane Lorenzon)

2 comentários:

  1. Dri, meu nome é Tina e to sempre lendo seu blog.

    Eu também sofria muito com a cólica e com a TPM, até que consultei meu médico e ele disse que era possível e saudável acabar com tudo isso.
    Ele segue a linha do Dr. Elismar Coutinho também.

    Como eu não tinha grana para pagar os tratamentos do Dr.Elismar (que são ótimos, mas caros) comecei a tomar o Elani 28, um anti. de uso contínuo (vc não menstrua) e minha vida mudou da água pro vinho.

    Também andei pesquisando sobre o assunto e descobri que tem uma campanha que defende essa mesma ideia do Santo Dr.Elismar... chama Viva Sem Menstruar. www.vivasemmenstruar.com.br
    Eles tem uma FanPage no Face e um perfil no Twitter também. É bem legal! Tem ótimas dicas e um espaço para vc tirar dúvidas com um médico.

    É isso! Um beijo!

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    1. Querida, só vi hoje se comentário (por algum motivo não foi enviado ao meu e-mail).
      Obrigada por estar comigo por aqui. Seja sempre bem-vinda!

      Sim, este medicamente tem me feito muito bem. Só lembrando às leitoras que não passem a usá-lo sem consultar um médico antes.
      Obrigada pela dica!

      Conte-me de você? Mora em Brasília? Já nos conhecemos? Seu nome não me é estranho...
      Bjos
      Dri

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