(Arte: autoria desconhecida)
Amanhecemos o ano de 2011 com uma enxurrada de convites à
drogadição. Foram tantos apelos! Um pouco de desconhecimento e defenderíamos
também. Percebeu? Saca só. Em janeiro, soubemos da produção do documentário Quebrando o tabu, de Fernando Grostein, mostrando
que a maconha precisa ser descriminalizada. Autoridades, como os ex-presidentes
Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton (EUA), defendendo a legalização das
drogas para poder barrar o consumo. Segundo o filme, a guerra contra os entorpecentes
está perdida.
Programas jornalísticos nos apresentaram o óxi (feito de cal,
substância de bateria, gasolina ou querosene) – mais forte e mais barato que o crack. Se este custa módica meia dezena
de reais, o óxi sai pela metade do preço. A cal detona o sistema respiratório,
enquanto o combustível afeta a região digestiva. Segundo a Polícia Federal, o óxi
não é uma nova droga e, sim, uma variação da cocaína, surgida em 2005. Porém, a
bomba da vez é o crocodilo. Criada na Rússia, a droga é composta de
analgésicos, ácido e fósforo e apodrece a carne dos usuários. Segundo a revista
Time, a expectativa de vida dos
dependentes é de três anos.
Ainda ficamos sabendo da existência do cristal, tóxico
poderoso que estoura os dentes dos usuários devido aos elementos corrosivos de
sua fórmula. É chamado de cristal da morte; certamente, não por acaso. Conhecido
por ice (gelo, em inglês), é 60 vezes
mais forte que a cocaína. Pode ser fumado, cheirado, injetado ou tomado.
Trata-se de uma meta-anfetamina que estimula o Sistema Nervoso Central causando euforia e potencializando o desejo sexual. Por
isso é usado em festas, tipo raves, e
durante o sexo. Leva o usuário a ficar dias sem comer ou dormir.
Por todo o país
eclodiram passeatas de jovens defendendo a descriminalização da maconha. Como lhes
faltou habilidade para se expressar e, desse modo, conquistar a opinião pública
massivamente e com o devido discernimento em casos como esse, foram
repreendidos pela Polícia Militar em diversos lugares. Até que conquistaram o
direito na Justiça pela liberdade de expressão e puderam sair com cartazes,
faixas, gritos de ordem ou desordem, como queiram, para dizer o que pensam em vários
cantos do Brasil.
Sem o devido destaque na grande mídia, a indústria do tabaco
manteve aditivos, aromatizantes, temperos e ervas que, cada um na sua função, potencializam
os efeitos da nicotina e disfarçam o gosto horrível na boca. Açúcares são
adicionados ao cigarro, aumentando doenças graves nos dependentes, como o câncer.
Atualmente, a lenta e resistente Anvisa luta para que a propaganda explícita de
cigarro não volte à cena. O governo não se posicionou firmemente e a indústria
fumígena passou a determinar a velocidade da discussão.
Durante dias acompanhamos pela televisão os desdobramentos
de uma polêmica desnorteada (como todas são) e protagonizada por estudantes de
uma das maiores e melhores universidades brasileiras: a USP. Alunos fumavam a
erva marijuana no pátio da
instituição quando a Polícia Militar interveio. Estudantes, “saudosistas” da
luta contra a ditadura dos anos 1960/70, decidiram usar o ocorrido para barganhar
outras questões com a reitoria. Foram falar de violência, por exemplo,
utilizando-se de... Adivinha!? Violência...
Fechando o calendário, recebemos a notícia da morte do jogador Sócrates, autodeclarado dependente de álcool. Em setembro, numa de suas internações hospitalares, a mulher dele, Kátia Bagnarelli, disse ao jornal A Folha de São Paulo que iria incentivar o marido, quando recuperado, a iniciar uma campanha contra o alcoolismo para conscientizar as pessoas. “O arrependimento veio agora, me vendo sofrer e pelo sofrimento físico que ele está sentindo”, comentou. Não houve tempo para os projetos e o esclarecimento da sociedade.
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