Oi, gente boa!
Seguinte, as crônicas ganham agora umas férias... assim como sua autora!
Voltaremos, como diria nosso amigo Anonymus Gourmet...
Só uns diazinhos para renovar a proposta dos textos... um novo modelo já está sendo planejado.
Abraço fraterno
DriLóren
P.S. Até fevereiro, na segunda quinzena... se rolar alguma coisa interessante, postarei :)
Escrituras diversas de assuntos plurais de contextos vários de ideias mais. Temas dedicados à comunicação e educação; saúde e psicologia; literatura, poesia e prosa; meio ambiente; papel social do comunicador e do educador; como melhorar o mundo y otras cositas...
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Empreendimentos de sucesso
Foto: autoria desconhecida
Apesar de eu fugir de
polêmicas, a torto e direito, pois elas não levam a nada, a existência me
permite reflexões incômodas de ideias incomuns, chocantes à maioria dos que convivo.
Uma delas é entender que algo que começa mal terminará, em quase todos os
casos, mal. Se começamos falidos, qual a probabilidade de lucros? E isso ocorre
nos diversos objetivos de quem solta as rédeas e se deixa conduzir por qualquer
um. Salvo matéria restrita, é claro.
A controvérsia surge porque
sempre tem aquele que diz: “Nada a ver”! E eu respondo, ou penso: “Nas
exceções, nada a ver. Mas na prática, na regra das circunstâncias da vida,
observe melhor usando o autoconhecimento”. Ao aguçar o pensamento, deparei-me
com uma conclusão provisória que se tornou genérica: “A empresa que começa mal,
vai falir logo ali, ou vai penar muito”. Nos relacionamentos, projetos,
viagens, cursos e empreitadas, idem.
Para um voo começar bem, a
aeronave exige decolar com toda a energia necessária, com as turbinas, motor e
demais engrenagens funcionando a todo o vapor – ou seja, o avião deve estar bem
mecanicamente. Também não adianta garantir a força inicial se o piloto não é competente,
experiente e tomador de decisões precisas, se o combustível não é suficiente
para todo o trajeto... Uma junção de fatores faz com que um voo seja considerado
um sucesso.
Um estudante de medicina que
faça o curso com desempenho meia-boca será um profissional medíocre... até o
dia em que resolva alterar o nível em que se encontra aperfeiçoando o déficit e
as limitações – na qualidade técnica do atendimento, na humanização do trato
com colegas e pacientes... Senão, o que temos visto e recebido em consultórios
e hospitais? O desvio do padrão é o que nos encanta e dá a certeza do êxito na
carreira desse profissional.
Pesquisa informal de uma amiga
da escritora Martha Medeiros com mulheres estadunidenses aponta que o tempo
necessário para uma mulher transar com um homem é de três meses. Dessa forma, o
casal poderia se encantar com as afinidades, conhecer as famílias, fazer exames
laboratoriais. No Brasil, o mesmo papo aconteceu. Mas o reloginho aqui correria
apenas 30 minutos. O suficiente para enganar-se que a solidão acabou e começar a
frustração?
Hoje tenho a amizade de quem
me detestou à primeira vista. Geralmente a recíproca da antipatia era
verdadeira. Até o dia em que paramos para conversar, se descobrir e se
encantar. Permitimos um momento só nosso para o reconhecimento um do outro. E
foi mágico. A amizade só desabrochou porque escolhemos começá-la com diálogo,
autorizando o estar do outro à nossa frente. Poderíamos ter optado por não nos
ouvirmos e ela não teria surgido.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
Diga sim
(Arte: autoria desconhecida)
Um sorriso abre mil portas. Certamente, caro leitor, você já
ouviu essa máxima em algum lugar. Até o mais carrancudo dos mortais se rende,
nem que seja com o tempo, com o poder da expressão maior de simpatia. Observe.
Um sorriso sincero é o sim, a cara fechada é o não. E a humanidade, é claro,
precisa de “mais sim do que não”, como canta Lulu Santos em Tempos modernos. O sim faz fluir a vida,
o não empaca o viver. O sim é vitória, o não é derrota.
Brincar
de viver, de Guilherme Arantes e Jon Lucien, também aponta o
imperativo do sim: “Você verá que é mesmo assim, que a história não tem fim, continua sempre
que você responde sim à sua imaginação, à arte de sorrir, cada vez que o mundo
diz não”. O sim abre caminhos. “Dizer sim é provocativo. A partir dele, muitas
coisas acontecem. Dizer não é impeditivo. A partir dele, muitas coisas são
obstruídas”, explica a amiga Adriana Studart.
Nesse sentido, por que será que o não faz tanto sucesso?
Arrá! Provavelmente porque ouvimos o não todos os dias desde pequeninos: “Não
mexe, não coma isso, tira a mão da boca, você vai cair, não coloque a mão aí porque
dá choque, você vai se queimar”. São inúmeros os incentivos ao não que
aprendemos e levamos para nossas vidas. Embora vários nãos evitem acidentes e sejam
sinônimo do cuidado de nossos pais e responsáveis.
Pensando bem, que estímulos as crianças recebem com um viés
mais amplo, do tipo: “veja o sol nascer, agradeça o alimento, vá em frente,
planeje como você quer ser, leia
bastante, assista a bons filmes, ouça músicas plurais”? O não, ouvido e motivado
desde nossa infância, é o caminho mais fácil e certeiro na fase adulta. Então,
novos reprodutores do não serão gerados. “Nada pode o olvido contra o sem sentido apelo
do não”, escreveu Drummond.
Muitos passam a vida inteira dizendo sim e, mais tarde,
precisam pagar terapia para aprender a dizer não, quando necessário, aos
outros. Ou para dizer sim a si mesmo. São os que não se impõem, como se não
tivessem uma digital. Contudo, há um porquê escondido nisso. Dizer apenas sim
aos outros e negar o próprio sim é extremamente prejudicial à saúde do corpo,
da psique e do espírito. Provavelmente, carecerão reorganizar as funduras do seu
eu.
Existem ainda os que se
preservam dizendo não, concluindo que estarão a salvo dos perigos de se
comprometer com o interlocutor. Tem gente que fala não com o silêncio e acaba
se excluindo da vida de quem está ao redor. Em outro sentido, a palavra mais
constante de minha mãe era sim e isso lhe fazia um bem danado, contagiando
todos ao redor – parceira perfeita para uma caminhada, andar de bicicleta, comer
uma pizza, conversar, e até para coletar mel...
sexta-feira, 4 de janeiro de 2013
Viver ritualizado
(Arte: autoria desconhecida)
Ainda pequenina dizia que se
um dia me casasse cada um moraria no seu apartamento ou, pelo menos, ele teria
o próprio quarto e, eu, o meu. Ah, quando batesse a saudade... Também entendia
que a cerimônia seria apenas um encontro a dois. Vestido branco? Nem pensar! Desse
modo, desde aquela época contrario os padrões sociais da maioria das pessoas
com quem convivia e convivo. Mas, afinal, para que servem os procedimentos do rito?
Ao concluir pedagogia, em
1995, sendo escolhida oradora da turma, achei justo comentar a decisão de não
usar, na colação de grau, a tão reverenciada capa preta do Batman. Disseram-me
que não havia problema. No dia marcado, cheguei de vestido vermelho, mostrando
as pernas. Os cabelos curtíssimos, raspados em lâmina dois, há tempos eram
motivo suficiente de espanto. Se era para ser especial, que fosse de um jeito
que me fizesse sentido.
Qual não foi a surpresa de
uma das colegas que, olhando-me de cima a baixo com reprovação, bradou:
“Francamente, Adriane, não esperava isso de você”. Eu, mais rebelde e irônica
do que em qualquer fase da vida, perguntei do que ela estava falando. Recebi de
volta a carranca e o silêncio, linguagem e metodologia mais apropriadas para
situações como aquela. Portar-se e vestir-se de modo diferente do padronizado
exige, além de estilo, coragem e determinação.
Já durante o mestrado, ouvi do
amigo Testa, professor experiente e tendo passado por diversos rituais
acadêmicos, que eu devia me ocupar, no dia da defesa da dissertação, de mostrar
aquilo que eu havia estudado. Disse-me ainda, que ninguém saberia mais do que
eu naquele instante, porque, pensando bem, quem havia realizado as pesquisas,
leituras e escritas? O dia D, segundo ele, era só um protocolo, nada mais, não
devia supervalorizá-lo.
É nas comemorações de fim de
ano que pessoas ficam tristes, devido, em especial, ao hábito causador de frisson em famílias e grupamentos. Todo
mundo tem a obrigação de ter sido próspero no período que passou e entusiasmado
quanto ao novo. Sem o ritual, muita gente nem perceberia os fracassos gigantescos
e as vitórias alcançadas. Festas, correrias, presentes, visitas, ausências
motivam sentimentos a serem mexidos, averiguados, entendidos.
Claro que algumas normas
devem ser seguidas para um melhor convívio. Isso faz parte da etiqueta social. Aprendi
como motorista que o bom senso, muitas vezes, é o melhor caminho; ao procurar
uma vaga, por exemplo, se não há proibição, eu estaciono. Requisito fundamental,
porém, é conhecer os códigos e símbolos de trânsito e observar ao redor – pode
ter uma placa logo ali. No caso da formatura, a toga não era obrigatória.
Simples assim.
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