Adriane Lorenzon em estúdio de gravação em Brasília (Foto: Elizabete Braga)
A primeira vez que entrei numa rádio
foi para declamar um poema da cultura tradicional gaúcha no programa Festival
de Violeiros, da Municipal 620 AM de Tenente Portela (RS). Isso era fim dos
anos 1970. Imagine aquela pequerrucha cabeluda, de uns oito ou nove anos,
declamando poemas com o sotaque fronteiriço carregadíssimo, ensaiando gestos de
trovadora e de improvável oradora...
Depois, eu tinha uns 14 anos, o
diretor dessa rádio chamou a mim e outras meninas para fazer um teste de
locução. A escolhida trabalharia na emissora. Nenhuma foi selecionada. Nesse
tempo, meu gosto cultural se afinava ouvindo estações como a JB 940 AM (RJ). As
críticas e nãos me ajudaram na lapidação, levando-me, no futuro, a trabalhar em
uma das emissoras mais importantes do país, a Câmara FM de Brasília.
Os festivais de MPB são um
capítulo à parte na minha vida, pois eu levava jeito, mas não era muito afinada.
Entretanto, achava que podia cantar. Não havia incentivo de ninguém, muito
menos orientação musical. Apenas uma vontade muito grande de cantar. E “cantei,
cantei, nem sei como
eu cantava assim” (Chico Buarque). Cantei até O bêbado e a equilibrista de Aldir Blanc e João Bosco. Que tal a
ousadia?
Em 1989, fui conhecer a Peperi 104,9
FM de São Miguel do Oeste (SC) e aproveitar para gravar um som do Tavito para eu
participar de um festival. “A vida tem sons, que pra gente ouvir, precisa
aprender a começar de novo...” Não só recebi a música gravada, como fiz um
teste de locução que foi aprovado na hora, com alguns elogios e outras
ressalvas a serem melhoradas. Lições e oportunidades começavam a surgir...
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