sexta-feira, 12 de abril de 2013

Por que viajar elimina preconceitos

(Ilustração: autoria desconhecida)

Aventurar-se mundão afora é desastroso para o preconceito reinante em mentes acostumadas a horizontes limitados, como os vistos a partir das viseiras dos animais. Com base na milenar tese Sei que nada sei, é possível afirmar que todos, um dia, fomos preconceituosos em alguma coisa. Ontem, eliminamos a ignorância sobre temas já assimilados. Hoje, pode ser em outra área. E assim vamos caminhando...

Nesse sentido, é sempre saudável buscar novos lugares para pensar a vida. Se viajamos, temos histórias para contar, de nós mesmos, do contato com outras culturas... Se ficamos apenas na aldeia, nosso campo de visão se limita e nos acostumamos a achar que tudo o que existe se concentra ali. Se viajamos, ilustramos os causos que contamos com exemplos descobertos ou vividos por nós mesmos. 

Quando cheguei a Brasília pela primeira vez, em 1995, entendi que as avenidas largas da capital federal poderiam me levar para além do plano piloto. No Planalto Central, conheci a região que é o centro geodésico da América Latina, em Planaltina; a estrada do ciclo minerador do ouro dentro de uma fazenda em Pirenópolis (GO); a Cidade de Goiás que me apresentou Cora Coralina, a poeta que mais amei depois de Quintana...

Com diversas religiões, doutrinas, seitas e filosofias, Brasília me ensinou, por exemplo, que no mundo não havia apenas católicos e evangélicos. A capital brasileira reúne grande número de templos: teosófico, espírita, budista, messiânico, israelita, Rosacruz, Vale do Amanhecer, Templo da Boa Vontade... Uma pluralidade sem fim evidenciando que as verdades podem ser múltiplas e que fanatismo é coisa muito, mas muito feia.

Viajar nos permite ver pessoas diferentes, com roupas, hábitos, comidas, sotaques variados. De coração aberto, logo entendemos que estão certas e são lindas também. Em Mar sem fim, Amyr Klink dá um tapa em nossa cara: Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é, que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. (Adriane Lorenzon)

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