Professor de história, Adriano Denovac, em sala de aula: uma missão
(Foto: Adriane Lorenzon)
De acordo com alguns estudiosos, missão está relegada a seres de elevado progresso espiritual como Jesus Cristo, os Chicos – Xavier e de Assis –, Gandhi, Buda, madre Teresa de Calcutá, irmã Dulce, Bezerra de Menezes. Desse modo, para nós, pobres soldadinhos rasos, restam labores não alçados à categoria de missão. Como o vocabulário terreno ainda é muito limitado, por conta das infinitas dificuldades evolutivas da espécie, a palavra utilizada pouco importa.
Oxalá tenhamos nascido para sermos políticos honestos, educadores holísticos, médicos e enfermeiros atenciosos com a dor dos pacientes, vizinhos respeitadores dos limites alheios. Estamos aqui para realizarmos grandes feitos como Juscelino Kubitschek? Quem sabe teremos vindo apenas como bons irmãos, pais cientes de seus papéis – mesmo em ambientes caóticos? O que pensamos sobre a seara que cultivamos? Como tem sido preparado o terreno? Seduções nos desviam da empreitada?
Muita gente deixa para refletir sobre temas profundos quando a dor surge no caminho. Não tem sido assim? Mas, o essencial mesmo é um dia se perceber no mundo, ecologicamente, como nos lembra Félix Guatari, unindo subjetividades e relações socioambientais. O que vim fazer aqui? Como estou vivendo? Qual a minha digital nisso tudo? Estou fazendo a diferença ou sou “mais um” nessa engrenagem? Perguntinhas incômodas e indigestas, contudo, necessárias e oportunas em qualquer tempo.
Certa feita, Waldez Ludwig foi procurado por um adolescente de 16 anos para ajudá-lo a escolher um curso do vestibular. O sábio especialista em gestão empresarial ponderou que auxiliaria com gosto, mas só o faria quando o jovem lhe dissesse a sua missão de vida. Ora, o leitor poderá pensar: “Trata-se de um menino, viveu pouco para discorrer sobre assunto tão complexo”. Epa, epa, epa! O rapazote reúne, sim, condições para sentir o que o incomoda, quais dores o afligem, o que lhe suscita alegria, o que faz bater forte o coração.
Um mergulho fundo em nossas angústias e inquietudes nos leva a descobertas impressionantes sobre o que desejamos para o universo particular assim como para o de outrem. Breve análise sobre atitudes, pensamentos e sentimentos, indicará as respostas das difíceis questões da alma. Se eu sinto e vivo o bem, é porque o desejo em mim e no próximo –o bem, então, se infiltrará nos diversos ambientes e criaturas ao meu redor e isso me fará feliz; se, ao contrário, eu vivo em mágoa e planejando vinganças e duelos é porque o meu interior está inundado de mal.
Não interessa a profissão escolhida, se estamos desempregados, se frequentamos esse ou aquele templo, a cor da bandeira erguida, se a tarefa é criar os filhos, cuidar da casa, preparar o alimento da família. Quantos são os beneficiados com a construção dessa obra? O que vale é como realizamos essas atividades, das simples às complicadas. Realizamos com amor ou enfado? Com alegria em servir ou com o murmurar das reclamações constantes nos lábios? Uma infinidade de perguntas vai surgindo no horizonte...
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