(Arte: autoria desconhecida)
Como
gerenciar hoje em dia o uso do dinheiro pelas crianças? Na minha infância, o “não
tem dinheiro, não tem o brinquedo desejado”, significava “não tem e ponto”. Não
havia outra alternativa, nem jogar-se no chão da loja fazendo birra, muito
menos botar o dedo na cara da mãe afirmando que ela ia, sim, comprar tal objeto
porque eu estava mandando. Depois de refletir por alguns instantes, cheguei a
uma perguntinha espinhosa: por que atualmente “não tem” significa uma
infinidade de opções? Vamos pensar juntos?
Especialistas
asseguram: educação financeira é fundamental desde cedo. Portanto, se a tarefa
dos pais é educar e, o exemplo, a melhor metodologia, deve-se expor aos
pimpolhos a importância de destinar os recursos disponíveis ao necessário – o
supérfluo tratar-se-á com delicadeza. Ensinar a administração do dinheiro é
mais que obrigação dos genitores, é responsabilidade. É mostrar à criança como se
cuida das contas. Uma boa opção é promover uma reunião mensal,
em família, com a pauta orçamento – discriminando receitas e despesas. Todos
aprendendo a planejar.
Provoque a atenção de seu filho para bens caros e
baratos. Isso o chama à racionalidade na hora de usar a grana. Ela não cai de
árvore e tem um custo para que surja na conta bancária dos pais. Outra coisa:
não dê presentes o tempo todo ao filho. Deixe para datas especiais e explique
que está dando o mimo porque tem um emprego digno, pois batalha para conquistar
melhor condição de vida para si e sua família. Evitar desperdícios, controlar os
impulsos de consumo também é educação financeira.
Mas,
afinal, como dar o exemplo? Responda rapidamente. Das últimas compras feitas,
quantas eram, efetivamente, necessárias? Havia artigos dispensáveis? Arrependeu-se
de quantos? Seu comportamento educa, não tenha dúvida. Daí presenciarmos cenas
desastrosas em ambientes públicos de filhos impondo ordens aos pais. Os
filhotes só estão repetindo o que aprenderam. O economista João Batista Sundfeld afirma que “se a mãe ou o pai
são descontrolados, esse é o modelo que a criança vai copiar”.
O assunto
mesada é um dos mais polêmicos. Pesquisas apontam: crianças que a recebem
gastam rapidamente toda a quantia – o que ocorre com muitos adultos conhecidos
nossos!
Segundo
o consultor financeiro e escritor, Gustavo Cerbasi, “dar mesada ou semanada de qualquer valor sem controlar os gastos da
criança é jogar dinheiro no lixo”.
Pais e crianças precisam entender: “Mesada não é um dinheiro da criança. É um dinheiro da família que ela ganha
o direito de administrar”, afirma.
Ensine-o, desde pititico, que a mesada será
dividida em três partes: para gastar, poupar e doar. Nos gastos e
investimentos, objetividade: não subestime a criança – ela entende bem as lições,
apesar da pouca idade. Diga: filho, agora não é hora de comprar; os itens que vamos adquirir
são estes (peça ajuda a ele para que cheque se o objetivo foi cumprido); o
orçamento que temos é este (esclareça as consequências para quem gasta mais do
que arrecada). Criança é ótima para aprender, sabia? Fale sempre amorosamente,
mas firme.
E a poupança? Bem, poupar tem
aspectos positivos. É o caso de economizar para um curso superior no futuro. Contudo,
lidar com o dinheiro vai muito além de gastar hoje e poupar para o
amanhã. É preciso educar para a generosidade. Ensine a criança que uma terceira
parcela deve ser doada para alguém que precisa. Para tanto, reduza aquisições
ao necessário, incentive e realize ações de desapego e caridade, evite
ambientes que incitam o consumo. A indústria investe pesado em publicidade para
crianças desejarem até o que não gostam muito.
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