(Foto: autoria desconhecida)
Lá se vai uma década do maior atentado terrorista de que se
tem notícia no Ocidente. Um plano “perfeito”, gestado aos poucos, sem pressa,
mostrando a competência da humanidade quando seu desejo íntimo é usar a
inteligência a serviço do mal; sua alma se satisfaz com o egoísmo; quando o duelo
é prioridade e, o diálogo, coisa de um futuro distante; ensinamos e vivenciamos
a guerra dentro de nossas casas; quando somos intolerantes com o diferente e o
desconhecido – logo nós, eu e você, que fomos criados tão bem, dentro de elevadíssimos
princípios éticos.
Alguém poderia pensar: o evento ao World Trade Center é um caso isolado, pois Bin Laden sempre teve bens
materiais disponíveis e associou-se desde a Guerra Fria aos Estados Unidos. Criou-se,
então, a cobra. Será? E a obscura Idade Média com a elite religiosa matando em
nome de Deus? Mil anos devastando a inteligência que poderia criar, esclarecer,
consolar! Falando nisso, e o extermínio de indígenas em nosso território? E a perseguição
e carnificina de ciganos, judeus, homossexuais, testemunhas de Jeová, doentes
mentais, eslavos, deficientes físicos da longa lista dos enjeitados de Hitler?
O passado não serve para o remoermos, porém é útil para nos
aperfeiçoarmos, empregando a inteligência em favor de todos. Entretanto, teimosos,
preferimos atrasar tudo. Os tempos bárbaros, nesse sentido, vão longe e muito
evoluímos enquanto trajetória humana, em especial, nos quesitos tecnológicos e
intelectuais. E os morais? A propósito, essa melhoria só ocorre quando não
impomos condições adversativas à sociabilidade respeitosa e mantemos o bom ânimo
para não estagnar. Vejamos alguns casos de como a inteligência é utilizada para
o mal, para a obtenção de “vitórias” pessoais – num intenso exercício de
vaidade e ambição. É o mau direcionamento da inteligência desviando condutas, caracteres,
famílias...
Fernandinho Beira-mar: um homem com o corpo preso; a cabeça,
não. De dentro das cadeias, fatura, por mês, cerca de um milhão e meio de reais
comandando exércitos obstinados a alimentar o mal – este, arquitetado, diga-se
de passagem, ao longo de desestruturadas vivências familiares. Estudiosos afirmam:
o menino Luiz Fernando da Costa, criança de alta habilidade (superdotada),
recebeu os estímulos que precisava em tenra idade no específico do que é hoje. Possivelmente,
tinha um “talento especial” que foi valorizado ao revés. Daí a importância de
pais e educadores incentivarem crianças, de todas as classes sociais, para o
positivo: amor, compreensão, respeito, disciplina, tolerância, afabilidade.
Ah, e a corrupção!? Essa erva daninha de raízes profundas em
solo tupiniquim nascidas, sob um aspecto, antes da invasão, quando Portugal
dominava países africanos e o Brasil, de fato e de direito, não fora
cartografado. Basta ler a obra de Sérgio Buarque de Hollanda, Raízes do Brasil. Homens corruptos
sempre existiram. Está certo: em algum momento, mulheres, apesar de sua
sensibilidade aguçada para ver além, igualmente se converteram à prática ignóbil
e perversa de enganar o outro. Há poucos dias, no plenário da Câmara dos
Deputados, a jovem parlamentar Jaqueline Roriz justificava o pesado maço de R$
50 mil – recebido nas coxias da política brasileira – com argumentos ofensivos
a qualquer cidadão honesto: “Em 2006, eu era uma cidadã comum”.
Diz-se que Alberto Santos Dumont ao saber do aproveitamento
funesto de seu maior invento, o avião, na Guerra Mundial de 1914 a 1918 e, depois,
com o mesmo fim bélico, na Revolução Constitucionalista de 1932, sentiu
profunda tristeza. Santos Dumont já estava doente com a esclerose múltipla e
uma depressão profunda, vindo a piorar com a constatação do uso de sua “cria”
mais engenhosa. “Ele acreditava que o avião deveria servir para unir
as pessoas, como meio de transporte e, por que não, de lazer, como (...) havia
demonstrado, ao deslocar-se em suas aeronaves em Paris para assistir à ópera ou
visitar amigos”, afirma Luciano
Camargo Martins da Universidade do Estado de Santa Catarina.
Amigo leitor, observe. O mal está em todo lugar pela omissão
dos fracos, também conhecidos como bons, que dizem não fazer o mal. Aliás, o
mal seria o resultado da ignorância? O bem “é” – o mal foi inventado por quem,
será? Paradoxal, meu caro Watson. Seres inteligentes... os únicos do Planeta! Enquanto
não enxergarmos o tanto de bem que existe em nós e o quanto dele se expandirá ao
atingir o outro sobremaneira, permaneceremos em castelos de areia, iludidos com
a felicidade gerada por sensações vãs e polêmicas vazias – de braços cruzados,
dizendo com imponência: “eu” não faço o mal, “eu” sou uma pessoa do bem. (Adriane Lorenzon)
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