Bons tempos da Panair, anos 1930 (Foto: autoria desconhecida)
Sempre que o assunto é viagem, o papo descamba para saber
qual é a nossa melhor companhia aérea. E nas rodas de amigos, a maioria sempre prefere
a TAM. Como em todas as vezes que me dirigi a ela, até o ocorrido a ser narrado
aqui, eu havia sido mal-atendida ou recebida com aquele olhar de quem está
fazendo o basicão, ficava pensando: “Quando vou conhecer esse luxo de bom
atendimento”?
Até que, em 2011, indo a Florianópolis, fui apresentada ao
quesito tão elogiado por amigos e importante para mim. A equipe do voo JJ 3416 arrasou.
Sim, porque são os detalhes que dão sentido a tudo: um projeto, uma amizade, um
passeio. Ao alcançar a estabilidade da aeronave, o piloto falou ao interfone o
que resumo a seguir com minhas próprias palavras.
“Caros passageiros, aqui é o comandante Antônio Lopes.
Primeiramente, quero me desculpar pelo atraso em nossa saída. Foi detectada uma
pane, fácil de ser resolvida, mas preferia aguardar os procedimentos
necessários para ter certeza que tudo estava bem.” Acrescentou que precisava
estar em certa altitude para se comunicar com a devida atenção aos passageiros.
Por fim, relatou como estava o tempo e a temperatura na cidade de destino,
despedindo-se amavelmente.
Contudo, o mais impressionante foram os aspectos não
verbais: a maciez da voz, a firmeza ao tratar de coisas técnicas, a calma no
ritmo da fala, o pedido de desculpas (revelando “humildade”, mesmo que
treinada). Não havia ruído no equipamento, era possível ouvi-lo com nitidez. Para
completar, fez um pouso tranquilo como há muito tempo eu não vivia em tais
situações. Pouso de “lamber a pista”, ensinou-me o amigo Paulo Triolo, ex-comissário.
Além disso, que desejo não ser apenas um episódio, a chefe
de cabine, Roselaine Procópio, e a comissária, Gabriele Valerie, merecem meu
agradecimento. Elas realizaram aquilo que nem mesmo atores experientes
conseguem: sorrir com sinceridade. Interagiam com atenção a todos, olho no
olho, sorriso nos lábios. Difícil encontrar nesse campo de trabalho uma
expressão sem cara de teatrinho, cansaço e máscara blasé.
O transporte aéreo brasileiro melhorou muito, mas há quem se
lembre com saudade dos bons tempos da Varig, Varig, Varig. Hoje, classes menos
abastadas deslocam-se de avião, ao contrário de 10 anos atrás que só viajava
quem podia bancar os altos preços das tarifas. Assim, o acesso ao serviço foi
democratizado com a ampliação da malha aérea e, em alguns casos, a redução dos
preços – o que pode ser uma ilusão, se analisado o todo.
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