(Arte: autoria desconhecida)
Aos 18 anos, num sábado à noite,
na frente de uma danceteria em São Miguel do Oeste (SC), aguardava com amigos a
abertura da casa. O papo girava em torno dos indígenas. Para mostrar erudição,
larguei a pérola: “Sabe aquela arma, a barbatana”? Um atento rapazote consertou:
“Zarabatana”. Percebendo a gafe, teimosa, retruquei: “Nada disso, é barbatana”.
E ficamos naquela onda de, eu, teimar na burrice, e ele, defender a informação
correta.
Claro, essa anedota foi
importante para mim, talvez o moço nem se lembre do fato. Porém, o que me faz
relatá-la, duas décadas depois, é que, de modo geral, todos somos, em algum
momento, teimosos. Tal é a ignorância. Ao nos esclarecermos, saímos do limbo,
do círculo vicioso. Contudo, uma parte significativa das pessoas quer ficar
conhecida, parece, como sujeitos entediantes. O teimoso é chato a granel; é
chato pra caramba.
Mais de uma vez, o teimoso insistiu
para entrar na fila da chatice. Diz não, porque não e pronto, e ponto. Por quê?
Porque sim, diz. Ou seja, nem sabe direito do que está falando. Em volta do
umbigo dele há toneladas de orgulho, pesando o viver. Acha a própria opinião
mais bonita, mais legal, mais certa, mais jeitosa, mais, mais. Todo mundo foge
do cerco do teimoso, e o elege como o chato de galocha do ano.
Reinventar-se, a cada
instante, é preciso. Limitações, como a teimosia, devemos tentar eliminá-las
ou, quiçá, minorá-las, o mais breve possível – depois, na ribanceira abaixo da
vida, transformações exigem força descomunal. A não ser que a pessoa tome
consciência de que carece mudar, por ela ou pela saúde do mundo. Todavia, o que
funciona é a autoanálise a partir de uma doença, um acidente, uma grande perda.
Aí poderá haver salvação...
O teimoso é o cara que
ninguém quer por perto, pois ele sempre sabe tudo; então, quem tem prazer e
alegria em sua companhia? A coisa complica quando você convive com a figura e a
relação precisa existir, ainda que por um tempo: o chefe, um familiar, o marido.
Afinal, não mudamos ninguém só porque achamos que é necessário e, convenhamos,
não dá para pedir demissão de todos os teimosos do mundo.
Entretanto, o que falta ao
teimoso e ao ouvinte do teimoso? Sim, pouco se fala do lado dele. Àquele,
humildade e reconhecimento de que sua pequenez é tamanha que assim procede por
se sentir inferior – disfarçando-se na superioridade. A este, paciência e
compreensão da situação – as opções são poucas: tolerar ou afastar-se do
indivíduo que só lhe suga as energias, quer dizer, compreendê-lo o quanto pode
e afastar-se quando possível.
Olá Adriane!
ResponderExcluirCom o teimoso não há dialogo e outras coisas mais. [risos]
Parabéns pelo blog e pela postagem! Prazer estar aqui! Com tempo, venha ler e comentar INFAUSTA CORRIDA no http://jefhcardoso.blogspot.com
Abraço!
Oi, Jeferson,
ResponderExcluiré verdade, com este tipinho, nada feito... sem chance de negociação :)
Obrigada por acompanhar o blog... Vou dar uma espiada no seu.
Abraço fraterno
Adriane