Pai e filha lendo juntos (foto: Paloma Varón)
Crianças aprendem muito a partir do que veem, e adultos igualmente,
eu diria! Afinal, somos seres aprendizes por natureza, temos a incrível capacidade
de assimilarmos, constantemente, novas lições e conceitos. Nesse sentido, o
hábito dos indivíduos forma o patamar em que a sociedade se encontra. Observe.
Todos cooperam para educar ou deseducar os outros, norteando suas escolhas, princípios,
caminhos.
Numa viagem ao Nordeste, peguei um táxi e, como é de costume,
puxei conversa com o taxista. De cara, percebi que o cinto estava enguiçado e
pedi ajuda. O motorista justificou-se: “Eu não uso cinto, não gosto”. Expliquei
que preferia colocar, por segurança. E com a maior tranquilidade prosseguiu:
“Eu não uso, mas mando meu filho usar”. Quando esse filho irá aprender que usar
cinto é algo positivo, atitude protetiva?
Em duas cidades gaúchas vi a mesma estupidez. Em Ijuí, o pequeno
shih tzu caminhava com sapatinhos para evitar contaminações. Porém, a dona
deixou o cocô do cãozinho no jardim do prédio em que eu morava. Em Tenente
Portela, uma senhora levou o cachorro ao banheiro privativo dele – um canteiro que
é rótula de trânsito. Depois de raspar as patas para trás – ele, claro –, foram-se
embora na maior tranquilidade.
Era sábado de folga. Resolvi andar a esmo por Belo Horizonte
(MG). Logo avistei uma mulher e seu cachorro. Ele, ansioso, ela, atenciosa: “Espera
aí, bebê”! Depois do cocô, o aliviado queria sair correndo, e ela, firme na
guia, pedia paciência enquanto retirava os excrementos com um saquinho plástico
para não emporcalhar a praça Raul Soares. Não podia destoar da música clássica que
soava ao comando do maestro chafariz.
Observe este raciocínio. Jogar uma casca de fruta pela
janela do carro não seria problema se fosse pelo aspecto do adubo em que ela se
transformaria – desde que caísse na terra. E não seria se a casca não fosse
entendida como lixo pela criança que vê a cena de outro carro. Somos
responsáveis por ela e pela limpeza do mundo... Se os adultos fazem, por que
não faria? Educação é isto também: raciocínio lógico. Sacou? (Adriane Lorenzon)
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