Livro: The family book de Todd Parr
Na era de meus pais, nasceram poucos filhos. Lá em casa,
apenas três. Só alguns tios se arriscaram a imitar os coelhos. E o afeto começava
a aparecer na rotina diária. Hoje, todos vivemos em pequenas famílias, algumas
até sem filhos, e o cuidado e o carinho ocupam um bom lugar em todas as peças
da casa. As coisas mudaram, e família, com F maiúsculo, é artigo de luxo na sociedade,
exigindo além de tudo, respeito e diálogo.
Tem gente teimando que família é aquela tradicional em que o
homem é quem manda no negócio. Não é bem por aí. Muitas famílias estão de pé
por causa da bravura das mulheres. Outras tantas são compostas por dois pais,
duas mães, pai e filho, mãe e filho, tem avó que é mãe e pai, tem criança
parindo criança, tem gente solitária que encontrou sentido em viver com a
companhia de um bichinho de estimação... Tem de tudo. É a vida! “Existimos, a
que será que se destina”, pergunta Caetano Veloso.
Nesse sentido, já na infância, conheci famílias diferentes.
Uma, o pai era caminhoneiro e sempre voltava para casa com presentes. Outra,
sem prole, o marido era violento e sofria de alcoolismo – ainda não
classificado como doença; era sem-vergonhice, diziam. Na adolescência, a
família de um amigo homossexual o aceitava em sua orientação. E, mais tarde, um
cara com cinco filhos vivendo com ele, resolveu se casar de novo. Detalhe: a
nova mulher também trazia um punhado: seis filhos. Ô coragem!