Tom Zé e a arte que lembra seu julgamento no Facebook (Arte/foto: autoria desconhecida)
Já faz tempo que eu quero abordar a polêmica envolvendo o músico
Tom Zé e os fãs dele. Contudo, para comentar assuntos controversos há que se ter
ou se construir certa habilidade. Senão acontece aquilo que presenciamos nas
discussões envolvendo futebol, religião e partido político: mera retórica,
discurso vazio, ou seja, não servem para nada, a não ser para fomentar
inimizades e acaloradas defesas egoicas.
Como diz meu irmão de alma, o escritor Ruy Godinho, o lance
é o seguinte. Tom Zé é um dos representantes do Tropicalismo – movimento político,
cultural, artístico surgido durante a ditadura militar brasileira, em 1967. O
que resultou numa mudança plástica das artes, em especial, a música, não só com
guitarras e misturas da ordem do sincretismo cultural, mas com a postura de
vanguarda e contestadora dos integrantes.
Em 2013, Tom Zé aceitou convite da Coca-Cola para gravar com
sua voz um comercial da Copa. Como cachê, recebeu R$ 80 mil. Todo mundo ficou
sabendo. Inclusive o seu público que, segundo dizem, o reverenciava por ser
esse eterno revolucionário da música e dos padrões estéticos. A questão é que
estética não coloca o pão na mesa, e o cara sempre deu duro para sobreviver
fazendo música de qualidade superior.
Em seguida, a turba se enfureceu e decretou o julgamento de
Tom Zé, assim, na boa. “Uma ‘trollagem’ babaca”, segundo o crítico musical Regis
Tadeu. Com isso, Tom Zé fez até uma música chamada Tribunal do Feicebuqui. A acusação? O músico teria se vendido ao
capitalismo ianque por um punhado de dólares. Perguntinha que não quer calar: e
a liberdade de expressão? Chantagem barata desses fãs intitulados cult, viu!
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