O multi-instrumentista Hermeto Pascoal (Crédito: autoria desconhecida)
No mundo do jornalismo, a depender do entrevistado ou mesmo
do nível de tensão e responsabilidade pelo conteúdo, o jornalista, ao ter agendada
uma entrevista, procura descobrir entre os colegas quem já entrevistou aquela figura,
autoridade, artista. Quer saber se a criatura é acessível, estrela, objetiva, monossilábica,
prolixa – algo que ajude muito ou atrapalhe o resultado. Porém, toda entrevista
é uma caixinha de surpresas.
Tem estrela que o repórter aguenta pela cláusula do
profissionalismo, porque a vontade do ser mais selvagem que vive nele é dizer
poucas e boas. Assim foi com uma ex-colega e o ator e diretor Miguel Falabella,
eu com o ator Du Moscovis (que só deve ter sido entrevistado, antes de mim,
pela chamada imprensa marrom) e com Ruy Castro, o famoso jornalista e escritor,
que, coitado, não sabia o que era educação.
A “rainha das fora da casinha”,
segundo ela própria, a repórter Gherusa Cassol, contou-me uma pérola de sua
época na RBS TV. A matéria era sobre cultura de feijão e soja, e o cinegrafista
Elias Gotaski aplicou: “Esse tio não planta só feijão, ele planta sagu também”.
Sem hesitar, a moçoila mudou a pauta e perguntou ao agricultor o porquê de ele cultivar
o sagu. E a resposta: “Tu não vais muito pra fora, né, menina”?
Já Mércia Maciel da Rádio Câmara de Brasília lembra que ao
entrevistar o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti, lá
pelo ano 2000, sobre DSTs, ele lascou: “... porque a espiroqueta da sífilis”...
Mercinha segurou uma sonora gargalhada. O “mestre dos magos”, como era
conhecido nos bastidores, falava da bactéria Treponema pallidum causadora da doença. Contudo, o ouvinte entenderia?