Gafanhoto conhecido como Esperança (foto: Joel Júnior)
Partidária do ditado “a esperança é a última
que morre”, um dia fui surpreendida de forma retumbante ao ouvir de alguém que
“a esperança não é a última que morre; ela não morre”. De imediato, aquilo foi
um divisor de águas. Era uma lógica completamente diferente de entender a vida,
de se portar frente aos obstáculos e dificuldades inerentes a um caminhar plural,
autoeducativo, fora do padrão social, em tentativa constante de ser mais
amoroso.
Nesse sentido, uma das frases prediletas de
minha mãe, quando visitava doentes no único hospital da cidade em que vivia,
era: “Coragem”! Certa vez, eu a acompanhei num desses “passeios” de encorajamento
e fiquei contagiada pela força que saía de suas palavras simples e pelo olhar reanimado
dos internados. Antes de morrer, disse-me estar preocupada com seus velhinhos e
doentes, queria tanto não partir na grande viagem para continuar cuidando
deles.
Tem alguma coisa que nos motiva e nos põe em
ação, percebeu? O que é afinal que não nos deixa desistir? O que é que nos faz
levantar da cama todos os dias e tomar um banho, um café e sair rumo a um
trabalho, que nem sempre gostamos ou nos identificamos? Seria apenas o mísero ou
supersalário que não paga a consciência tranquila, a paz de espírito, o bem
estar no mundo? Quiçá, os sapos que muitos precisam engolir diariamente? Ou
seria algo mais?
Sem a esperança em dias melhores, que alguns
chamam de fé, não teríamos inventado engenhosidades que tornam a vida atual bem
mais fácil: criar a roda, desbravar terras, revolucionar tecnologias, produzir vacinas
e medicamentos. Em vários casos, não existiam dados, comprovações, certezas – apenas
um quê impulsionando a humanidade a progredir. E os que ousaram ou se atrevem
pensar em coisas impalpáveis são chamados de loucos.
Eduardo Galeano conta que um inexperiente
médico foi chamado às pressas para ajudar no difícil parto de um menino. Ao
chegar, viu que o pai havia tentado puxar a criança e o bracinho caía
desfalecido. Pensou o socorrista que não tinha mais nada a fazer. Contudo, fez
um carinho no pequeno braço. Ao tocar a mão do moleque, esta “se fechou e
apertou seu dedo com força. Então o médico pediu que alguém fervesse água, e
arregaçou as mangas da camisa”.
Para mim um desconhecido, Nelson Henderson nos
estimula: “O verdadeiro significado da vida é plantar árvores, sob cujas
sombras você não espera sentar”. Assim é a educação. A gente planta e semeia em
todo tempo e lugar – um dia, quem sabe, o broto se faz verde. Já o poeta
libanês Khalil Gibran arremata: “O entusiasmo é um vulcão em cuja cratera não
cresce a relva da hesitação”. Dois caras que animam nossa empreitada de recriar
a vida a cada amanhecer...